Na Polinésia Baiana, apreciando o mar e deitada numa preciosa rede, pelo ar chega a mim, o som do engano.
Alguém canta e louva a praia de Copacabana:
“Existem praias tão lindas cheias de luz
Nenhuma tem o encanto que tu possuis”…
Ah! amigo, nunca foste ao nordeste…
Barra Grande, Mutá, Pedra Furada, Taipu, Goiá… em apenas alguns metros de sonho, a realidade se revela ideal.
É o encontro amoroso do Ideal com o Real.
Esse encontro de ambientes superpostos, como uma transparência sobre outra, formando um único quadro. É o rompimento da dicotomia realismo x idealismo – uma experiência (ou vivência) única.
Claro, existem as muriçocas – apenas para demonstrar que o céu não se encontra aqui.
Por favor, longe do céu de anjinhos tocando harpa…
É o “quase céu”, o paraíso de mar verde-absoluto, de micro-biquines, de caipiroskas e cerveja, de brisas e de chuviscos convocados para o banho de água doce, quebrando a rigidez do sal marinho…
Um som em inglês (que eu , pessoalmente, dispenso) ou de MPB – Milton, Marisa, J.Quest, Zé Ramalho, Chico, Nana…
O soluço das ondas, o suspiro das matas, a sombra das palmeiras, o frescor da água de coco, o toque da brisa morna, a gentileza da terra , do mar, das pessoas…
O encantamento de um universo que se finda onde a vista alcança porque para além desse limite já não podemos garantir nada.
Talvez haja mesmo um mundo além, onde as coisas não são tão perfeitas. Talvez haja… No momento não tenho certeza…No momento sofro de uma amnésia que não me permite afirmar situações adversas. É o momento do verso…da poesia…do encanto…do enlevo…
Entre o Sol e o Vento
O vento me acaricia
Traz perfumes de outras eras
Brinca com meus cabelos
Beija toda a minha pele
Canta no meu ouvido
canções que ninguém mais canta
Minhas velas se enfunam
e me levam a outros mundos
que a imaginação revela
Se vem forte, em tempestade,
lava sombras de minh’alma
e faz brotar as sementes
que esperavam despertar
após o amor de vento e água.
O sol é amante violento
pensando que me agrada
me fere, me morde e agride
Me deixa em brasas, sofrendo
Após o conúbio, choro,
o meu corpo se ressente
e reclamando se encolhe,
se cobre, se esconde, mole
Me lança em quarentena
Só quero a reconstrução
Virei escombros de amor
Ó Sol, tu que és tão forte
tem pena de mim, tão frágil…
O teu abraço me espreme
me deixa sem respiração
e espero a brisa que chega
suave, tímida, confortante
trazendo ressurreição.
Sol não sabe ser solícito, suave…
Brisa abraça e em breve beijo abranda tudo.
Só posso concluir citando Mário Quintana:
Faltam as fotos maravilhosas, né? Mas isso xácomigo que amanhã a gente resolve!!!
Bjoooo
Certamente a praia nem chega perto de Barra Grande, mas a musiquinha é bem relaxante.
Quanto à poesia, enxergo nela qualquer coisa de anti-Lúcio – como um desejo de arejar uma casa cheia de mofo e de pesadas cortinas..
Segue o documentário “Carnaval, bexiga, funk e sombrinha.”(Em 7 partes.)
É a resistência suburbana…